Tornar-se uma pessoa empreendedora de alto impacto é um feito de grande realização pessoal e profissional, mas também é um desafio: estima-se que, no mundo, 7 em cada 10 pessoas empreendedoras enfrentarão desafios de saúde mental ao longo da jornada. Dado o impacto que empreendedoras e empreendedores têm nas economias, é de vital importância que eles operem em um bom estado de saúde mental.
Este é um resumo do estudo inédito realizado pela Endeavor Brasil sobre a performance e saúde de pessoas empreendedoras.
A situação financeira da empresa e captação de recursos são os dois maiores fatores de estresse, especialmente entre mulheres, pessoas negras, empreendedores de primeira jornada e aqueles à frente de empresas menores.
Essas crenças estão mais presentes principalmente entre aqueles que relataram condições adversas de mal-estar mental, e menos entre empreendedores seriais e mais experientes. Veja a percepção sobre as afirmações abaixo:
Apenas metade das pessoas empreendedoras procuraram um psicólogo para auxiliá-las em seus desafios no último ano.
“Um empreendedor de sucesso é aquele que entende os gatilhos do processo e sabe lidar com eles no momento em que acontecem. Está tudo bem falhar no processo, desde que aquilo sirva de aprendizado e exista uma evolução para melhorar na próxima fase.”
A rotina empreendedora, apesar de estressante, se torna mais tranquila conforme o tempo de experiência.
“A melhora em minha saúde envolveu quatro práticas-chave: atividade física com o auxílio de um wellness coach, terapia, alimentação equilibrada e regulamentação do sono. Eu faço questão de manter um horário regular de sono mesmo em viagens a trabalho, e a terapia se tornou parte fundamental da semana. Além disso, passei a ser atendido por um coach quinzenalmente para discutir desafios no trabalho. Lidar com questões de saúde mental é uma tarefa difícil quando feita de forma isolada, por isso é importante poder discutir desafios com colegas e membros da equipe, pois essa abertura permite que outros se tornem vulneráveis, peçam e ofereçam apoio.“
Mulheres empreendedoras relatam condições de mal-estar mental com maior frequência, 76% consideram a jornada empreendedora estressante, versus 54% dos homens. Também existe uma dificuldade maior em balancear a vida social e profissional e menos abertura para dividir seus desafios com sócios, investidores e time. Quando falamos de fundadores negros, a saúde financeira da empresa é um desafio para 66% versus 58% para fundadores brancos.
”As mulheres ainda precisam desempenhar um papel de liderança muitas vezes moldado pelo modelo masculino. Isso se soma à expectativa de que elas assumam uma carga desproporcional de responsabilidades fora do ambiente de trabalho, como nos cuidados com a família e na gestão da casa. Essa sobrecarga de tarefas atribuída à mulher — acompanhada de cobrança e de pouca margem para falhas — cria um cenário particularmente desafiador para sua saúde mental.”
BOAS PRÁTICAS
O empreendedor mais experiente vê a família e amigos como uma prioridade e resseguro. 83,1% dos empreendedores afirmam que a relação com a família foi impactada ao longo da jornada. Porém, os mais experientes dividem mais seus desafios de saúde mental com família e amigos.
Exercícios, sono e alimentação de qualidade são as práticas de bem-estar mais frequentes entre empreendedores. Os que não incorporam práticas relacionadas a estilo de vida enfrentam uma maior incidência de sintomas de mal-estar.
A conexão com pares para trocas sobre desafios pessoais é uma prática que pode ser melhor explorada. Empreendedores com mais de 10 anos de experiência adotam mais essa prática, que os mais jovens – com 1 a 5 anos de experiência -, que tendem a dividir menos seus desafios com seu time direto, investidores e co-fundadores.
Inteligência emocional torna a jornada de liderança mais saudável e com alta performance. Empreendedores Endeavor e especialistas entrevistados apontam que um empreendedor pode se tornar um líder de alta performance ao evitar o micromanagement, abrir-se à vulnerabilidade e escuta e ser pragmático ao lidar com mudanças de cenário.
Nosso objetivo é que pessoas empreendedoras cuidem de sua saúde com a mesma dedicação que cuidam dos seus negócios.
Este movimento tem um impacto multiplicador no ecossistema: empreendedores saudáveis geram negócios com alto potencial de crescimento sustentável, além de gerarem times mais produtivos.
COLABORAÇÃO:
“Não tem como ser empreendedor e não visualizar o futuro — e a ansiedade é viver no futuro. Apesar dos dados alarmantes, nós amamos o que fazemos! Mas é preciso viver um dia por vez, sabendo que as principais coisas da vida vêm do terceiro e quarto ciclo, nunca do primeiro.”
“É normal termos mais inteligência emocional conforme temos experiência empreendendo. Quando se faz algo pela primeira vez, você usa o instinto. Numa segunda ou terceira jornada, você já tem seu playbook — se já fez isso antes, você se sente mais confortável fazendo de novo.”
“Para resolver problemas em larga escala, os empreendedores enfrentam uma jornada longa — a captação de recursos pode ser estressante, assim como a expansão. Empreendedores saudáveis serão capazes de enfrentar a maratona, durar mais tempo e retribuir para o ecossistema. O sucesso depende de o empreendedor conseguir se autorregular, ser resiliente e ter um bem-estar sólido.”
As empreendedoras e empreendedores são os grandes exemplos do nosso país. Não apenas escalam negócios inovadores, mas também geram um efeito multiplicador que transforma economias inteiras. Porém, pouco se fala que o bem-estar é a base para esse impacto.
Por isso, a Endeavor está lançando o primeiro estudo no Brasil sobre saúde e performance de pessoas fundadoras à frente de scale-ups. Esse estudo não é apenas um conjunto de análises — é um chamado à ação. Também é uma provocação sobre o papel que cada um de nós temos no ecossistema para promover um ambiente em que pessoas empreendedoras possam prosperar. Com isso, queremos que empreendedoras e empreendedores cuidem de sua saúde com a mesma dedicação que cuidam dos seus negócios.Conforme o mundo se torna mais interligado e, ao mesmo tempo, mais imprevisível, nosso trabalho de apoio aos empreendedores de alto impacto precisa ser intensificado. Que este estudo seja o catalisador de uma mudança sistêmica na forma como encaramos a saúde dos empreendedores no Brasil.
No BID Lab, acreditamos que para fortalecer o crescimento do ecossistema empreendedor no Brasil, uma nova abordagem deve ser estrategicamente promovida: se os empreendedores/as estiverem indo bem, os empreendimentos irão se sair melhor.
Além da perspectiva humana, abordar e financiar questões de bem-estar e saúde mental dos empreendedores é um bom negócio para aqueles que lideram, incubam, aceleram ou investem em iniciativas. Nesse sentido, temos orgulho de fazer parte dessa publicação liderada pela Endeavor Brasil que oferece informações e recomendações valiosas sobre como promover uma cultura de bem-estar e resiliência entre empreendedores e suas equipes. Também é um ótimo complemento para nossos esforços regionais no BID Lab sobre o assunto e dentro da estrutura de nossa pesquisa sobre O Fator Invisível (The Invisible Factor).
“Um empreendedor de sucesso é aquele que entende os gatilhos do processo e sabe lidar com eles no momento em que acontecem. Está tudo bem falhar no processo, desde que aquilo sirva de aprendizado e exista uma evolução para melhorar na próxima fase.”
“A melhora em minha saúde envolveu quatro práticas-chave: atividade física com o auxílio de um wellness coach, terapia, alimentação equilibrada e regulamentação do sono. (…) Eu faço questão de manter um horário regular de sono mesmo em viagens a trabalho, e a terapia se tornou parte fundamental da semana. Além disso, passei a ser atendido por um coach quinzenalmente para discutir desafios no trabalho. (…) Lidar com questões de saúde mental é uma tarefa difícil quando feita de forma isolada, por isso é importante poder discutir desafios com colegas e membros da equipe, pois essa abertura permite que outros se tornem vulneráveis, peçam e ofereçam apoio.“
“As mulheres ainda precisam desempenhar um papel de liderança muitas vezes moldado pelo modelo masculino. Isso se soma à expectativa de que elas assumam uma carga desproporcional de responsabilidades fora do ambiente de trabalho, como nos cuidados com a família e na gestão da casa. Essa sobrecarga de tarefas atribuída à mulher — acompanhada de cobrança e de pouca margem para falhas — cria um cenário particularmente desafiador para sua saúde mental.”